14 julho 2008

diário da mocidade


Senti tanta saudade de escrever e já faz tanto tempo. Sinto saudade dos pensamentos expostos em palavras. Como se eu tivesse me abandonado. Por que parei de escrever assim? Com esforço me dedico a estas linhas. E agora parece tão difícil descrever o que se passa aqui dentro. Tentando me despir, mas estou com vergonha, de mim, do meu próprio olhar observador.
Mas quero compartilhar trivialidades, as miudezas da vida.
Quero contar sobre a saudade que sinto das coisas que não vivi e a coragem que me faltou. Contar o que li em um livro e as minhas reflexões. Meus arrependimentos. Minha cura diária. E a caminhada pela manhã cedinho. As horas a fio dentro de uma cafeteria degustando a la carte ou na livraria folheando os volumes. O choro calado por não conseguir dizer às pessoas que gosto o quanto gosto. O riso sem graça. A cena espreitada pela janela do quarto, do carro. O filme do cinema e a peça de teatro do final de semana. Indicar um hit do meu disco favorito. “Beber umas recordações de família”, viajar para o interior para andar de bicicleta e tomar sorvete no banco da pracinha da Igreja, além de sentir a tranqüilidade penetrante. E aquelas noites mal dormidas, rolando na cama sem dormir, de tanta dor ou de tanto amor. Subjetividades. Depoimentos de felicitações ou aflições. Minhas narrativas pessoais e personificadas.

4 comentários:

th. disse...

"Tentando me despir, mas estou com vergonha, de mim, do meu próprio olhar observador."

Então esqueça o olhar seu e faça o desnude sem pensar. "Tudo vale a pena, se faz sol ou se serena" (perdão, Pessoa, perdão...). Sem-vergonhice é o que há, minha cara. Digo isso, mas minha recomendação são palavras ao vento; teu "vergonha" é pura retórica, já estás a se expor. Vejo daqui. Calcinha de rendinha. Muito bom gosto. Muito muito bom gosto.

Muito prazer. Encontrei seu blog pelo Ocaiocaiu. Há pouco começaste, pouco há escrito, pouco eu li. Mas sem dúvida, lerei mais. Permite-me linkar o raquelholanda ao meu blog, inaugural?

Grato.

th. disse...

É um saco isso, odeio quando não passo a idéia que queria com algo que escrevo. Sofro do mal da edição... É só reler que começa a vontade de morrer... e de editar. Ó, queria que ali estivesse "lerei sempre", não "lerei mais". Pode parecer pouco, mas é tão diferente uma coisa da outra... Ê lai-á...

raquelholanda disse...

Querido, como vc bem percebeu, ainda estou começando a participar do blog e entender suas ferramentas, por isso, busquei informações para excluir seu comentário, - mto bem escrito, mas desagradável - que publiquei sem conferir totalmente o conteúdo.
De qualquer forma, agradeço sua visita em meu blog (também inaugural) e também fico satisfeita que vc tenha expressado sua opinião, sinal de que meu texto despertou sua atenção, porém uma opinião precipitada e um tanto descabida. Tenho uma boa proposta para o blog, que não se aproxima da sua interpretação.
No entanto, gosto dos leitores e das suas diferentes leituras, e apesar do desconforto ao ler seu comentário, acho injusto, por ora, deletá-lo, mas vou pensar.
Sem querer censurá-lo, devo preveni-lo que espero um comentário mais saudável de uma próxima vez.
"...odeio quando não passo a idéia que queria com algo que escrevo", que coincidência, foi exatamente isso que senti.
Fique à vontade para voltar "sempre" e "mais", no entanto, estarei mais atenta e vou avaliar se seus comentários permanecerão ou não.

Grata.

th. disse...

A intenção quase sempre é de fazer graça. Sofro desse mal também. É irônico, acredito que, se excluída tão somente a frase "Calcinha de rendinha.", ficaria meu comentário coeso e bem mais em concordância com o que eu queria passar. Mas não, a frase está lá porque eu a bem quis assim; repito: a intenção quase sempre é de fazer graça, sofro desse mal também. Mas agora, bem que me arrependo. Se pudesse, essa "Calcinha..." eu tiraria com o muito desprazer por lhe tecido a renda ter, como quem sem nenhuma má intenção estaciona o carro na saída de uma garagem e em regresso vê o transtorno causado e mal sabe como se explicar, as intenções eram tão boas; sofro do mal da edição...

Perdão, raquel, Perdão. Entendo se quiser me excluir da lista de pessoas que você não conhece.

Mas mantenho o que tanto quis editar: "Há pouco começaste, pouco há escrito, pouco eu li. Mas sem dúvida, lerei sempre."