27 julho 2008

nua e crua

Dimensão original: 15 x 35 cm

- Cabelos: Referencial da condição feminina.
- Olhos com óculos: Um olhar seletivo. Olhos que vêem nitidamente quando querem, e podem optar por ver ou não, assim como a sociedade, que vê com olhos alheios, acrítica.
- Boca: Batom
- Mãos: Identidade. Quem é? Mulher.
- Seios: Próprios da mulher.
- Barriga: Maternidade.
- Costas: Expressa aversão, indiferença para com a opinião alheia, por outro lado, a ignorância da sociedade, sempre de costas à realidade.
- Pés com sapatilhas: a princípio, beleza e leveza, delicadeza e fluidez de uma bailarina; em contrapartida, pés machucados, doloridos e amarrados, impedidos de dar passos além.

“Nua e Crua” é uma seqüência de imagens convidativas sem a intenção de vulgarizar esta belíssima condição do ser mulher. A idéia que instiga este trabalho é o limite das escolhas, especialmente as feminis.

Nós mulheres, podemos fazer nossas escolhas entre as várias oportunidades que o mundo nos oferece. Podemos nos sentir e nos considerar libertas. Porém, estas escolhas e esta liberdade são limitadas, pois somente podemos viver e sentir dentro da nossa condição de mulher. Não temos as mesmas sensações que os homens ou os bichos. Não temos a opção de escolher em um momento ser mulher e sentirmos como tal ou decidirmos ser um animal e sentirmos tal como ele sente. Assim, as coisas somente são o que me parecem até onde eu puder vê-las, tê-las e compreendê-las, mas com a condição de ser mulher. Com sensações, intenções e expressões femininas. O “eu mulher” no mundo.

Este trabalho parte de um olhar feminino e explora a feminilidade. Apresenta características puramente femininas que representam partes curvilíneas facilmente destacadas do corpo de uma mulher, as quais mostram ser ou não ser de uma mulher, mesmo ao longe. Expõe delicadezas feminis despidas de imposições e preconceitos. A mistura da poética com imagem foi esta composição fragmentada do corpo da mulher e suas respectivas funcionalidades.

“Nua e Crua”, título e obra, inspiram a liberdade, naturalidade e delicadeza feminil, sugerem a reflexão, e por fim, declaram o ater-se, o incompleto ser perfeito.

(Trabalho fotográfico desenvolvido em 2004 para as aulas de história da arte da universidade. Um trabalho queridíssimo, cujos questionamentos levantados são tão instigantes quão atuantes, pelo menos diante do meu olhar.)

5 comentários:

Maia disse...

Olha essa música de mesmo nome:
http://br.youtube.com/watch?v=_wiJUprgWRc
Vê se tu gosta!

th. disse...

"Questionamentos instigantes", não me vem espressão melhor; engraçado a coisa toda ser tão curta. Dava para continuar e continuar e continuar... Belíssimo olho. É seu?

th. disse...

Despreza o último comentário. Quero trocar uma palavra. Sim, só uma.

th. disse...

"Questionamentos intrigantes", não me vem expressão melhor; engraçado a coisa toda ser tão curta. Dava para continuar e continuar e continuar. Belíssimo olhar. É você?

raquelholanda disse...

rs.
nem o olho, nem o olhar.
sinto.